sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Casa Nova

 

O ‘Da Ilha’ mudou de endereço.  Está hospedado no site de notícias R7. Para continuar acompanhando os posts, por favor, clique aqui.
Muito Obrigada.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Dilema de Heinz




A esposa de Heinz está morrendo de câncer. Mas nem tudo está perdido: um farmacêutico da cidade descobriu uma droga que potencialmente pode salvar a vida da mulher. Só que tem uma pegadinha: o farmacêutico é ganancioso. Ele gasta 200 dinheiros para fabricar a droga e a vende por 2000 dinheiros. Heinz não tem essa grana toda. Ele passa o chapéu e consegue recolher mil dinheiros de amigos e familiares. Então vai conversar com o farmacêutico. Diz que só conseguiu juntar mil e implora para que o homem venda o remédio mais barato. Promete que vai pagando a diferença depois. O farmacêutico insensível diz que não. Heinz entra em desespero. Quando a noite cai, ele quebra a vidraça da farmácia e rouba o medicamento. 

Essa história é um clássico nas aulas de ética e moral. Foi usada pelo psicólogo americano Lawrence Kohlberg para explicar sua teoria dos estágios do desenvolvimento moral da criança. Ele propõe uma série de questionamentos. O que importa não é o que você faria se estivesse no lugar de Heinz e sim a decisão dele de roubar a droga.

Estágio 1 – Obediência

Heinz não deveria ter roubado, porque ele vai para prisão. Ele é uma pessoa má.

Ou: Ele deveria ter roubado o remédio, porque a droga só custa 200 dinheiros ao farmacêutico. Além do mais, Heinz ofereceu para pagar em prestações e ele não roubou nada além do medicamento.

Estágio 2 – Interesse Próprio 

Heinz roubou, porque isso o deixará feliz: tentou salvar a esposa; mesmo que tenha que ir para a prisão.

Ou: Ele não deveria ter roubado a droga, porque cadeia é um lugar horroroso. Melhor lidar com a morte da mulher do que apodrecer na prisão.

Estágio 3 – Conformidade

Heinz tinha mesmo que roubar o medicamento, porque a mulher dele esperava que ele fosse um bom marido.

Ou: Ele não deveria roubar, porque roubar é crime e ele não é um criminoso; o marido tentou tudo que podia sem burlar a lei, a esposa não pode culpá-lo de nada.

Estágio 4 – Lei acima de tudo

Heinz errou ao roubar, porque a lei proibe roubar. Ele cometeu um ato ilegal.

Ou: Ele deveria roubar o medicamento para sua esposa e arcar com as consequências: prisão e reembolso ao farmacêutico. Não dá para sair por aí cometendo crimes e não ser punido.

Estágio 5 – Direitos Humanos

Heinz estava certo ao roubar a droga, porque todo mundo tem o direito de escolher a vida, independente do que diz a lei.

Ou: Ele errou porque o farmacêutico que descobriu o remédio merece ser recompensado por sua descoberta (leia-se receber o pagamento que acha justo), mesmo que isso custe a vida da esposa de Heinz.

Estágio 6 – Ética humana universal

Heinz deveria roubar o medicamento, porque salvar uma vida humana é mais precioso do que o direito à propriedade (seja física ou intelectual) de outra pessoa.

Ou: Ele errou porque outras pessoas talvez precisem também da droga que ele roubou e todas a vidas são igualmente importantes.




Pensei no dilema de Heinz assim que ouvi a história de Rob Lawrie. Ele é um britânico que, como muitos outros, foi ajudar os refugiados na Selva - um grande acampamento na França, em Calais, onde milhares de pessoas passam os dias na esperança de cruzar o Canal da Mancha e recomeçar a vida aqui na Ilha. Rob foi julgado hoje na França como traficante de seres humanos.

Rob já foi soldado, trabalhou limpando carpetes. É bipolar e sofre da Síndrome de Tourette. Foi na Selva que ele conheceu um refugiado afegão e sua filha Bru, de quatro anos. Eles se tornaram amigos. O ex-fazendeiro afegão implorou a Rob que ele levasse sua filha escondida no carro dele até a tia da menina, que vive na cidade de Leeds, na Inglaterra. Rob topou. O plano foi por água abaixo quando dois cães farejadores descobriram dois homens da Eritréia, que estavam escondidos na van de Rob, sem que ele soubesse. Pelo menos essa é a versão dele.
Rob e Bru

  

Como julgar o dilema de Rob Lawrie? Ele burlou a lei. Tentou entrar no Reino Unido trazendo uma criança ilegalmente. Ele estava certo ao tentar ajudar a menina e seu pai? Foi um bom samaritano ou um criminoso? Você decide. 

Se nem com as cinco etapas do desenvolvimento moral você conseguiu chegar a uma conclusão, fique sabendo que a corte francesa pegou leve. Talvez tenha ajudado que imprensa mundial estava de olho no caso. Rob Lawrie se livrou da cadeia. Pagou uma multa de mil euros. Ele não respondeu pelo crime de tráfico humano e sim por ter transportado a criança de uma maneira que poderia colocar a vida dela em risco, ou seja, a menina viajava sem o assento apropriado e sem cinto de segurança.

A tentativa frustrada de trazer a menina para a Inglaterra aconteceu em outubro do ano passado. Rob Lawrie confessou que seu plano foi estúpido. Agiu com o coração e sem pensar, mas ele se disse satisfeito por ter jogado uma luz no drama das crianças refugiadas. Ele foi para Calais tentar ajudar os refugiados, depois de ver a foto do menininho morto numa praia da Turquia.  

Rob vai poder voltar para casa. Bru e o pai estão amargando um inverno gelado na favelona de Calais.
A 'Selva' de Calais

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Testemunha Ocular

 
Belo Horizonte, anos 80


Eu estava no carro com a minha mãe numa movimentada avenida de Belo Horizonte. Ela ia ao volante. O sinal tinha acabado de abrir. De repente, alguma coisa caiu do carro que seguia à nossa frente. Minha mãe, muito mais experiente, viu de cara que não era um pacote e sim um corpo. Parou o carro no acostamento. Do outro lado da pista junto ao canteiro central, um motorista jovem parecia desesperado do lado de fora do carro, com as mãos na cabeça.  

Estatelada no asfalto, uma velha. O corpo estava desconjuntado de uma forma impossível e macabramente ridícula. Origami de ossos. Seus seios murchos se derretiam no chão, junto com todas as rugas. Havia uma poça espessa como esmalte vermelho berrante. O sangue tinha desistido de escorrer. Parecia impensável que, apenas alguns segundos atrás, tivesse existido vida no que então era uma carcaça tão morta, absurdamente imóvel..


O motorista veio falar com a minha mãe. Estava fora de si e pediu que ela o levasse até a casa dele, que ficava ali perto, para buscar seus pais. Sei lá porque, ele entrou no banco de passageiro e eu saí. Um detalhe importante deste atropelamento é que ele aconteceu em frente a uma favela enorme. Um tsunami de piranhas humanas desceu o morro e depenou o carro do atropelador com uma fome ancestral. Do carro só sobrou a carcaça. 

O tempo esquentou. Uma mulher muito nervosa gritava que tinha visto o motorista entrar no prédio que, dia sim e dia também, encarava a favela num deboche de quem estava alguns degraus acima na escala social. Alguém cobriu o corpo da velhinha com jornais. Um fotógrafo materializado do além  disparava sua câmera sem cerimônia. O porteiro do prédio abandonou sua guarita. A polícia chegou e começou a distribuir golpes de cassetete como quem bate um bife para ele ficar mais macio. Notei que minha mãe estava de volta com o rapaz. Depois de prestarmos depoimento, seguimos viagem abastecidas de adrenalina e tristeza.

Os acontecimentos daquela manhã foram de uma violência que eu nunca tinha vivenciado. Uma coisa que me impressionou muito foram as versões que as “testemunhas” compartilhavam, sem que ninguém tivesse perguntado. Diziam que o motorista estava escondido no prédio. Que ele havia acelerado o carro quando viu a velhinha. Que teria desviado para acertar a velha de propósito, como se gostasse de jogar boliche humano.



 
 

22 de julho de 2005
 

Londres ainda estava inquieta por causa dos ataques terroristas do dia sete de julho. Quatro homens-bomba haviam matado 52 pessoas e ferido mais de 700. Os nervos estavam à flor da pele. Na tevê, surgiam as primeiras notícias de que a Polícia Metropolitana da Capital havia matado um suspeito dentro de um vagão de trem na estação de Stockwell. Como dois e dois são quatro, a conclusão lógica era que os policias tinham evitado mais um atentado. Me lembro claramente das primeiras versões: “ A vítima teria pulado as catracas, tentando escapar da perseguição policial”. Mais de uma testemunha descreveu o morto como “um tipo mulçumano”.  

Logo outra história começou a se desenhar. De fato, o ‘elemento abatido’ não era um caucasiano alto, loiro e de olhos azuis. Entretanto, não se tratava tampouco de um terrorista, muito menos islâmico. Hoje todo mundo sabe que era o brasileiro Jean Charles de Menezes, que foi confundido com um suspeito.  
 
 
Jean Charles de Menezes
 

Mais uma vez, os preconceitos das testemunhas e da própria polícia ‘embaçaram’ seus julgamentos. Eles viram o que quiseram ver. 
 

31 de dezembro de 2015 – Colônia na Alemanha
 

Gangues assaltam e molestam mulheres alemãs na festa de comemoração do ano novo, próximo à estação de trem da cidade. A polícia recebeu mais de 90 queixas-crime. A correspondente da BBC na Alemanha diz em seu texto que: “pelo menos uma mulher foi estuprada”. Como assim pelo menos uma? Que notícia é essa?  As vítimas afirmam que os agressores eram "árabes ou do Norte da África". 
 
 A notícia do arrastão com retoques de crime sexual tem repercutido massivamente aqui na Ilha. Primeiro, pela natureza e tamanho dos ataques, que aparentemente são incomuns por lá. Mas tem chamado atenção a declaração da prefeita da cidade de Colônia, que sugeriu que as mulheres andassem acompanhadas de homens em grandes eventos públicos como o do réveillon.  

Dá vontade de gritar cada vez que vejo alguém comentar que uma mulher mereceu ser abusada/estuprada, porque ‘deu mole’, se vestiu de maneira inapropriada e por aí vai. O culpado é o agressor e não a vítima e não tem o que discutir. 


Testemunha Ocular

Estima-se que um milhão de refugiados tenha entrado na Alemanha, só no ano passado. A população do país é de 82.652 milhões de pessoas. Quando eu estava grávida, participei de um grupo de pré-natal. Um dos casais dizia categoricamente que a chegada do filho não iria mudar a vida deles. A criança teria que se adaptar à rotina dos pais. Gostaria de me encontrar com eles hoje em dia e perguntar como vai o plano deles. Não dá para receber tanta gente em seu país, pessoas vindas de culturas diversas e esperar que a vida não vá mudar. A prefeita de Colônia tem sido muito criticada por sua declaração. Do jeito que enxergo o comentário, ela está sendo pragmática. Levanta a mão quem acha que é sensato (usei a palavra sensato e não justo ou correto) passear por áreas de alta criminalidade usando relógio caro e joias chamativas? 

Ah, mas isso não está certo. Quem chega tem que respeitar as regras do lugar, certo? Certíssimo. Justíssimo. Mas o buraco é mais embaixo. Quem é que vive num mundo ideal? Me apresente esse lugar, porque ainda não conheci. Então, o negócio é fechar as portas e não deixar mais ‘essa gente’ entrar!  Será? 
 

Angela Merkel



A chanceler alemã Angela Merkel não abriu as fronteiras de seu país aos refugiados porque é boazinha. O país precisa dos imigrantes, como aliás o Reino Unido também http://mariaeduardajohnston.blogspot.co.uk/2015/09/precisamos-falar-sobre-imigracao.html . Mas não é só a questão econômica. A situação dos refugiados, sírios, afegãos e africanos é desesperadora. Não dá para virar as costas e ignorar o drama dessas pessoas. http://mariaeduardajohnston.blogspot.co.uk/2015/09/questao-moral.html É fácil? Claro que não é. Para ninguém. Mas não tem volta. Não dá para declarar que a política de imigração foi um fracasso, quando os primeiros problemas aparecem. 


Pelo que acompanho das notícias na Alemanha, a questão da imigração é muito polarizada. Há aqueles que apostam no fracasso do programa. As 90 vítimas dos ataques no ano novo estão enganadas quando dizem que os agressores eram estrangeiros? Pode ser que quem está jogando contra esteja por trás dos ataques? Ou será que bandidinhos se valeram da atual tensão no país para assaltar as mulheres? Quem sabe as testemunhas estão certas? Foram mesmo os refugiados mulçumanos "que não respeitam as mulheres". Não sei. Ninguém sabe. Por isso, é tão importante que os fatos sejam apurados corretamente e que os culpados respondam por seus crimes. O que sei é cada um de nós é testemunha do que promete ser um dos maiores desafios deste ano nesta parte do globo: a integração de culturas.


Cada um vai ter uma versão para contar.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Ano novo, promessas novas



Se você é do tipo que começa o ano novo cheio de planos, fique por aqui. Se não é o seu caso, guenta aí, porque talvez tenha alguma coisa para você também.
 
 

Um objetivo sem um plano é só um desejo
 

 

2016 ainda nem completou sua primeira semana de vida e, na mídia, para quem gosta de uma birita, as notícias  devem estar dando dor de cabeça. Fora as matérias óbvias sobre como curar ressaca, outras duas ganharam as manchetes aqui na Ilha, no amanhecer do novo ano.
 

A primeira recomenda que as pessoas tenham dois dias ‘secos’ na semana. Álcool zero, pelo menos duas vezes por semana. Pela primeira vez nesta parte do mundo, a recomendação sobre o limite de álcool para homens e mulheres é a mesma. O conselho é que não se beba mais do que 3 unidades de bebida alcoólica por dia. Dá até vontade de pedir um vinho, só para tentar entender que raios significa 3 unidades. Mas se for uma daquelas taças grandes, vou me ferrar, porque ela contém 3,3 unidades. Uma pint (568ml) de cerveja: 2 unidades. Melhor ficar com uma dose de whiskey, uma unidade de álcool e é a menos calórica: 64 calorias.



 

A segunda reportagem que foi destaque, é a pressão que 400 administrações regionais estão fazendo para que os rótulos das bebidas alcóolicas tenham informações sobre a quantidade de calorias. Aí vai um teste rápido, que vi na tevê. Coloque em ordem crescente de calorias: um pacote de batata frita industrializada, um copo de vinho e uma ‘pint’ de cerveja. As batatinhas são as menos engordativas e o vinho ocupa a pole position no ranking calórico: 190 calorias.
 

Calcular caloria de bebida, contar unidades de álcool. Está ficando chato, né? Mas o NHS, o serviço de saúde, não está nem aí para chatices. Os bêbados custam uma fortuna aos cofres públicos e lotam as emergências dos hospitais. Além do mais, doenças de fígado são a quinta causa de morte aqui na Ilha. Quando se corta o álcool, cai também o número de pacientes com câncer e doenças coronarianas.
 


 

Tem gente que faz promessa de não comer chocolate ou de não beber durante a quaresma. A última ‘moda’ é ter um ‘Dry January’, um janeiro de seca de bebida. Se for para apostar se a novidade pegou ou não, eu colocaria as minhas fichas no lado do não. Mas a ideia não é má. Em geral, os britânicos, que já bebem bastante, aumentam o consumo de bebidas alcóolicas em 41% durante o mês de dezembro. O fígado agradeceria uma folga. Thank you very much.
 

Um dos primeiros virais do ano foi a foto abaixo, tirada pelo fotógrafo Joel Goodman em Manchester, no noroeste da Inglaterra, na noite da passagem do ano. A qualidade estética da foto e sua composição foram comparadas às obras dos grandes mestres renascentistas. Foi reproduzida 30 mil vezes no twitter. Ela mostra bem o fim de noite em muitas cidades aqui da Ilha. Mas não precisa ficar caído na sarjeta para incluir ‘parar de beber ‘na lista de resoluções do ano novo.

 
Joel Goodman

 

Parar de beber, emagrecer, fazer exercícios físicos e comer comidas saudáveis lideram a lista das boas intenções.  As academias de ginástica ficam cheias nesta época do ano. O ‘x’ da questão é fazer mudanças que sobrevivam digamos, até o carnaval.

 

35% dos bem-intencionados cometem um erro fatal: colocam metas que não são realistas. Não dá para querer se tornar um juiz da suprema corte, sem nem ter estudado direito. Isso é óbvio. Mas a maioria dos objetivos não parecem assim tão ambiciosos, embora também estejam fora do alcance. Quem entende do assunto diz que passinho de formiguinha é mais jogo. Pequenas metas, uma de cada vez. Tipo, fico o dia inteiro assentado, mas esse ano vou correr a maratona de Londres é pior do que, vou caminhar uma hora por dia, três vezes por semana.

 

Uma pesquisa da Universidade de Bristol revela que 52% dos 3 mil participantes entrevistados estavam confiantes que iriam ter sucesso em seus planos de ano novo, nos primeiros dias de janeiro. Mas 88% deles falharam. Os homens, quando planejam no estilo passo de formiga, conseguem o que querem em 22% dos casos. E as mulheres, que tornaram suas intenções públicas, têm 10% mais chances de sucesso.

 

Outra dica é desenvolver uma ‘rede’ de apoio. Família e amigos podem ajudar ou atrapalhar bastante, dependendo do caso. Se dê de presente pequenas recompensas. Perdi meio quilo, vou ao cinema comemorar. E esteja preparado para fazer pequenos ajustes, ao invés de simplesmente descartar o plano no primeiro empecilho. Isso é o que dizem os gurus do pensamento positivo.

 Recaptulando. Essas dicas podem ser resumidas no plano dos três ‘R’ que garantem mudança de hábito:
 
Relembrar: lembre-se constantemente do fator que motivou o desejo de mudança
Rotina: é preciso ter disciplina e rotina
Recompensa: pequenos agrados pelas conquistas

 

O caso é que cada pessoa responde de forma diferente aos desafios. Os conselhos acima soam bem razoáveis. Talvez sejam inspiradores para muita gente. Mudar para crescer. Mudar para ser feliz. No fim das contas, é uma decisão pessoal. Cada um sabe da dor de seu calo. Será que existe um momento certo para promover as mudanças?

 

 Tem dias em que olho ao redor da casa, e está uma bagunça. Fico tão incomodada, que saio arrumando e limpando tudo, porque não estava bom do jeito que estava. O que fico me perguntando é se a pressão constante por mudanças serve para de fato mudar alguma coisa.  Talvez devesse fazer dessa a minha resolução de ano novo: ficar de olho para mudar o que precisa ser mudado e aceitar o que não incomoda.


 

 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O que realmente importa



“Você amarrou os sapatos de forma errada a vida toda e nem sabia”. “10 coisas que você precisa saber sobre o papel higiênico”. “Tudo o que você precisa saber sobre o Islã num vídeo de cinco minutos”. “ 100 livros que você precisa ler”. “ 5 peças que não podem faltar no seu guarda-roupas neste verão”. “ Faça o teste que revela como o mundo enxerga você”. “Assista ao vídeo da mulher traída armando barraco”. “ A bunda mais linda do Brasil”. “Que cor era o vestido azul de Napoleão? ” “Os carros dos super ricos”. “ Menina diagnosticada com doença rara tem três dias para viver”. “A dieta do homem das cavernas”. “O bolo da garrafa de Coca-Cola”. “Os melhores chefs do mundo”. “Homem perde 70 quilos e arruma namorada”. “Mulher pede ajuda para tratar anorexia”. “Coxinhas pelo impeachment”. “ Petralhas acusam o golpe”. “Trump trucida mulçumanos”. “Le Pen fatura na desgraça”. “Terror sacode a França”. “Britânicos bombardeiam a Síria”. “Refugiados morrem no mar e são torturados em terra”. “Terrorista entrou como refugiado”. “O bebezinho que canta rock e encanta todo mundo”. “ O gato que toca piano”. “ A resposta da mulher vítima de um troll”. “ O cidadão tem o direito de andar armado e se defender”. “Armas aumentam a violência”. “Cresce o número de assaltos seguidos de morte”. “O desastre ecológico do século”. “ O planeta esquenta e a seca aumenta”.  “Vai faltar água”.


Cansou?

Eu fiquei exausta.

Em 2011, os americanos consumiam cinco vezes mais informação do que em 1986, o equivalente a 175 jornais. Durante as horas de lazer (excluindo trabalho), processaram 32 gigabytes, 100 mil palavras por dia. Estes números foram extraídos do livro que é um dos best-sellers neste natal aqui na Ilha. Chama-se ‘The Organized Mind – thinking straight in the age of information overload’ (A mente organizada – pensando direito na era do excesso de informação), do neurocientista Daniel Levitin. Procurei o livro em português, mas não encontrei. A estatística acima se refere aos americanos, mas é cada vez mais óbvio que se aplica a muitos outros países.


O best-seller do momento


O ponto que o autor levanta no livro é que na chamada Era da Informação nossos cérebros estão cansados. Não é à toa que perdemos as chaves de casa, nos esquecemos de coisas banais o tempo inteiro. As más notícias não terminam por aí: esse estresse mental faz o corpo produzir cortisol. Em excesso, este hormônio faz engordar, diminui a libido, afeta a memória e dificulta o aprendizado. É um problema sem solução? Não, de acordo com o autor. No livro, ele sugere uma série de estratégias, como fazer uma pausa de quinze minutos a cada duas horas para ficar pensando em nada, ouvindo música, lendo um livro. A siesta vale ouro. Cochiladas de quinze minutos valem mais do que uma hora de sono durante a noite. Arte, experiências religiosas, meditação ou simplesmente deixar a mente livre são excelentes antídotos para o excesso de cortisol: fazem o corpo produzir serotonina e aumentam em até 10 pontos o QI.


O Dr Levitin afirma que nos últimos 20 anos foram produzidas mais informações científicas do que todos os anos anteriores combinados. O fato de estarmos trocando a literatura de ficção por artigos que lemos na internet também está nos tornando pessoas com menor capacidade de empatia. Achamos cada vez mais difícil nos colocarmos no lugar do outro. As redes sociais fazem nossos cérebros acreditarem que estamos cada vez mais perto uns dos outros, quando de fato, estamos mais distantes.


Talvez a geração de nossos filhos fará um uso melhor do que a Era da Informação tem a oferecer. Confesso que faço parte do time de iliteratos da internet. Não é que faltei a esta aula, ela não existia no meu tempo de escola. Para mim, como para muitas outras pessoas, é difícil separar o joio do trigo. Como saber se a fonte é boa?  De onde brota a informação que leio? Sou mesmo capaz de avaliar  riscos e fazer escolhas conscientes?



Durante anos, as cartinhas de natal da minha filha tinham o mesmo pedido: um cachorrinho de verdade. Três anos atrás, o natal foi de crise, porque o Papai Noel ouviu o pedido da melhor amiga dela, mas se esqueceu de trazer um filhotinho aqui para casa. Aos oito anos, ela escreveu uma carta respeitosa, embora firme (leia-se enfurecida), para o velhinho de barba branca e roupas vermelhas. Queria saber o que tinha feito de errado para não ter o pedido aceito. 

  

Acho que é bom desejar muito alguma coisa. Não acredito que as crianças devam ter todos os desejos satisfeitos. Mas, sabendo da paixão da minha filha pelos animais, ficava com pena de não atender o pedido. Os motivos eram muitos: a casa pequena, carpete, o que fazer com o bicho quando a gente sai de férias, a sujeira na casa, gasto com veterinário, gasto com ração...


Nós rendemos. Passei semanas na internet procurando um cachorro. Meus níveis de cortisol devem ter subido, cada vez que ligava para um dono e ouvia que a ninhada tinha sido vendida. Era para ser surpresa, mas minha filha descobriu. Fomos as duas buscar a filhotinha no outro lado de Londres. Um trânsito dos infernos. Ela tensa e ansiosa. Eu tinha dito que íamos ver se o cachorrinho estava bem, se não estivesse, teríamos que procurar outro. Ela concordou com um sim, quase inaudível. Foi falando sobre os nomes que queria para o bichinho de estimação.

 A cachorrinha era uma belezinha. A lista com os nomes foi para o lixo. Anna olhou para ela e disse: vai se chamar Honey May! Honey parece ter gostado, porque abanou o rabinho.

No carro, com a Honey May no colo, a Anna começou a chorar compulsivamente. Dizia sem parar: não acredito que tenho um cachorro. Não acredito, mãe.

                                                           Honey May chegando na casa nova

Honey está conosco há três semanas. Foi o maior berreiro na primeira noite. Anda roendo uns rodapés. Entrou escondida na sala e fez xixi no carpete. Saliva quando vê as minhas havaianas. A casa virou casa de neném, não fica nada ao alcance dos dentinhos afiados de Honey.

A casa também ficou mais alegre e mais cheia. As gargalhadas decoram o ambiente. As visitas querem conhecer o mais novo membro da família. É impossível resistir ao charme dela e nós todos brincamos juntos. O próximo passo vai ser começarmos a falar em cachorrês. Estamos quase lá.

Não adianta querermos brigar com a tecnologia. Nos tornarmos nostálgicos. Não tem volta e ainda bem. As possibilidades são maiores. Mas precisamos aprender a fazer um uso melhor da informação. Não nos tornarmos escravos dela e muito menos deixar que ela nos amedronte.  Sugue as nossas energias. As vezes, as escolhas que não parecem lá muito sensatas, ou inteligentes, são as que precisamos fazer.
Esse é o meu desejo para 2016. Que possamos viver no presente, ainda que imperfeito, sem perder de vista o que realmente importa para cada um de nós. Seja lá o que for.


Honey May

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Padecer no Paraíso

 

“Ser mãe é andar chorando num sorriso.

Ser mãe é ter o mundo e não ter nada.

 Ser mãe é padecer no paraíso”.

 
“Podemos escolher ficar grávidas aos 16 anos, mas não podemos rejeitar a maternidade aos 29. Parece que nossas decisões apenas são levadas a sério quando elas estão de acordo com a tradição." A frase é da britânica Holly Brockwell, uma mulher que ganhou notoriedade ao dizer em público que não quer ser mãe. Ela tem brigado com o NHS (o serviço público de saúde aqui da Ilha) para fazer uma laqueadura, uma cirurgia que a tornará estéril. Holly deu uma entrevista para o site da BBC . Virou a 'Geni' da hora, levou muita ‘pedrada’. Não foi a primeira. Esse assunto é como festa de natal. Todo ano tem.
 
Holly Brockwell
 
 
Recentemente foi anunciado que um bebê nasceu na Suécia, do primeiro transplante de útero. O procedimento é arriscado e caro. A mulher tem que tomar medicamentos para evitar que seu corpo rejeite o novo órgão e a chances de sucesso são baixíssimas. O bebê número um nasceu prematuro, porque a mãe desenvolveu pré-eclâmpsia.
 
Mulheres que arriscam alto pela maternidade e mulheres que não querem ser mães. Elas precisam mesmo estar no mesmo post? 
 
William (18 meses), Katherine (3 anos), Audrey (8 anos) três crianças da mesma família, que não viveram tempo suficiente para passar seus genes para frente. A breve passagem deles por aqui é relembrada em uma pedra fria de letras apagadas no cemitério do bairro. Dá para imaginar a dor dos pais dessas crianças?  Na era vitoriana, a taxa de mortalidade infantil era muito alta por aqui, praticamente a mesma de Sierra Leoa nos dias de hoje. Em 1840, uma em cada três crianças morria antes dos cinco anos de idade. Sem falar que os contraceptivos não eram confiáveis. Tinha-se muitos filhos, poucos chegavam a idade adulta.
 


Aprendi aqui uma máxima dos ingleses que valia até outro dia mesmo: “Crianças devem ser vistas e não ouvidas”. Em outras palavras, devem se comportar e não atrapalhar. Não têm direito a uma opinião. Depois da Segunda Guerra, este país viveu um Baby Boom; a taxa de natalidade disparou em um curto período de tempo. Na década dos sutiãs queimados, aconteceu a maior transformação no modo como encaramos a família. Graças ao antibiótico e à pílula, os casais passaram a ter menos filhos e eles começaram a viver mais. Os filhos se tornam o centro da vida familiar. A coisa mais importante. As crianças não mais gravitam ao redor dos adultos. Uma ideia que está tão entranhada, que a gente nem percebe que historicamente esse tipo de comportamento ainda está na primeira infância.
 
Hoje em dia, 92% dos pais britânicos afirmam que os filhos participam das decisões da família: desde o que comer para o jantar, onde passar as férias até o que assistir na tevê. Ítens como aquecimento central nas casas deixaram de ser luxo e passaram a necessidade. O comércio se adaptou para conquistar quem tem influência na decisão de consumo dos pais. O apetite por lugares e experiências ‘child friendly’ (bons para crianças) só cresceu.
 
Será que o fato de estarmos tão focados em nossas crianças torna a vida mais difícil para as mulheres que escolhem não ter filhos? Ou quem sabe essa nunca foi uma opção para as mulheres?
 
 
 
 
Deixando o passado de lado e brincando de futurologia: um estudo do Institute for Public Policy Research (em tradução livre: Instituto de pesquisa para políticas públicas) prevê que nos anos de 2030, um em quatro habitantes com mais de 65 anos nesta Ilha não terá filhos. Uma amiga querida, que não teve filhos, uma vez me disse que era esse o medo que ela tinha: envelhecer sozinha sem ter quem cuidasse dela. Como se houvesse garantias de que os filhos viverão mais do que os pais, ou de que eles irão cuidar de seus velhos. O tema da solidão na velhice foi abordado no comercial de natal, que está bombando este ano. Não precisa saber inglês para compreender a mensagem:
 
 
 
 
Mas, é o medo da velhice solitária que faz com que as pessoas sejam tão agressivas com as mulheres que dizem que não são maternais e não querem ter filhos? Nos comentários que li na reportagem sobre Holly, muita gente disse que o NHS estava certo em adiar a cirurgia. Ela tem apenas 29 anos. E se ela mudar de ideia?
 
As estatísticas do Office for National Statistics (o IBGE daqui) mostram que entre 1990 e 2010 dobrou o número de mulheres acima dos 40 que tiveram filho. Aos vinte anos, tive algumas amigas que diziam que nunca iriam ter filhos. Aos trinta e tantos, os relógios biológicos delas se transformaram em despertadores histéricos. Entretanto, o universo das minhas amigas não é representativo de absolutamente nada. Não passa de um exemplo. Se a Holly, assim como as minhas amigas, mudar de ideia aos quarenta minutos do segundo tempo, paciência. “A decisão terá sido minha”, ela afirma.
 
Fui atrás de informação para este post e acabei descobrindo que, com exceção dos dados sobre a velhice no futuro, é muito difícil encontrar números confiáveis sobre mulheres que não querem ter filhos. Existem vários artigos de celebridades e anônimas que defendem a não maternidade. Os estudos que encontrei sobre família contém dados sobre filhos, como se o núcleo familiar só interessasse se houvesse descendentes.  
 

Então?  É preciso pôr no mesmo balaio as mulheres que fazem de tudo para se tornarem mães e as que não querem ter filhos? Não deveria ser necessário. Quando a mulher diz que não quer ter filho, porque não tem vocação para a maternidade, ela escuta: “bobagem, no começo todo mundo acha difícil, mas depois tudo se ajeita”. Esse pensamento é tão ofensivo para as mulheres que não querem ser mães, quanto para as que penam para realizar o sonho da maternidade. Iguala todo mundo e não escuta as diferenças. O instinto maternal vem mesmo acoplado ao útero? Será que não dá para ser mulher sem ter filhos?
 
“ Ser mãe é padecer no paraíso”. Nos anos dois mil, o romantismo do poeta Coelho Neto (1864- 1934) soa pomposo e antiquado. A linguagem pode ter mudado neste começo de século. As dinâmicas familiares também. Mas no que se refere ao direito de escolher ser ou não ser mãe, ao que parece, a visão da sociedade está mais romântica que nunca.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Rio Passado a Limpo


 

Londres fica onde Londres fica não por um acaso. Como em milhares de outras cidades, foi um rio que determinou seu nascimento. O Tâmisa, que nasce no vilarejo de Kemble em Cotswolds (uma das regiões mais bonitas desta Ilha) é o rio mais longo da Inglaterra. Na capital, serpenteia sua geografia desenhando história pelo caminho.




 

Nos mais de dois mil anos de existência de Londres, celtas, romanos e britânicos; gerações de mercadores e marinheiros se valeram da proximidade com o oceano para transportar riquezas pelo rio. O Tâmisa viveu uma mini era do gelo em 1607. Durante um inverno rigoroso suas águas congelaram, transformando o leito do rio em rinque de patinação. No século 18, o tráfego no rio era pesado, trazendo as riquezas do Império Britânico. No meio do século seguinte, o Tâmisa deu um sinal de estafa. Seu estresse tinha nome e sobrenome: poluição. 1858 entrou para história como o ano do “grande fedor”.  O mal cheiro era tamanho, que os políticos tiveram que abandonar a sede do parlamento em Westminster, à beira do Tâmisa.

 

Os britânicos são um povo orgulhoso. Têm orgulho de sua história de conquistas, da rainha e de suas tradições como a democracia. Esses são os óbvios. Morando aqui descobri mais alguns, como o orgulho pelas descobertas científicas e de engenharia. Já sabia da falta de modéstia quando o assunto são as estradas de ferro, mas tem outro que eles não deixam passar batido: são fascinados por sua rede de esgoto! Ainda bem que no século 19 os políticos daqui não pensavam que ‘obra enterrada não dá voto’.

 
Charge ironize o Grande Fedor

Para pôr a história no contexto, a cólera matava indiscriminadamente os londrinos, que viviam ao redor de um grande esgoto a céu aberto. Entre 1853 e 54, a doença matou mais de dez mil pessoas em Londres. Na época acreditava-se que a cólera fosse provocada pelos miasmas, em bom português: os gases que se originam da decomposição de matéria orgânica. A explicação era que a doença vinha do ar. Ao investir num sistema de coleta e tratamento de esgoto, atiraram no que achavam que viram e acertaram no que não viam.  

Os parlamentares votaram em tempo recorde um projeto para construir uma rede de esgotos na capital e, de quebra, produziram uma revolução na saúde pública, o que aumentou a expectativa de vida da população. Puseram um capitão da marinha, o engenheiro civil Joseph Bazzalgette encarregado de tocar o projeto. Ele era um homem com visão de futuro. O sistema que criou segue firme e forte.

Bazzalgette podia até ser um visionário, mas seus poderes não incluíam uma bola de cristal. Ele não tinha como imaginar que existiria um Hitler no caminho. Os bombardeios da terrível luftwaffe detonaram parte do sistema de esgoto de Londres e a sujeira voltou ao Tâmisa. No pós-guerra, tudo era prioridade, o Império Britânico se esfacelava e dinheiro não nascia não nascia de geração espontânea. A situação ficou tão feia, que em 1957 o Museu de História Natural de Londres declarou que o Tâmisa estava biologicamente morto na capital.

Foto Thames21

 

Na década seguinte, o problema do saneamento foi tratado. Tirar o esgoto do rio foi um passo importante, mas não dá para esquecer que aqui é o berço da Revolução Industrial. O Tâmisa continuou sendo castigado até que nas décadas de 70 e 80 leis e campanhas de conscientização regulamentaram o uso de pesticidas nas lavouras e detritos industriais. A poluição por metais pesados diminuiu e a vida começou a retornar ao rio. 

Leis e políticas públicas são fundamentais, não há o que discutir, mas o envolvimento da sociedade civil é fundamental. Existem inúmeros programas nas escolas para educar os cidadãos do futuro.


Foto Thames21

 

A Thames21 é uma instituição de caridade que trabalha para que os afluentes do maior rio inglês sigam desobstruídos. Segundo Alice Hall, uma das coordenadoras do projeto, a intenção é estimular as pessoas a se engajarem não só na limpeza dos rios, como também mudar comportamentos e assim prevenir que o lixo seja jogado na água e acabe poluindo o Tâmisa.  

O excesso de ruas asfaltadas e quintais pavimentados faz com que a água da chuva não seja absorvida no solo e termine na rede de esgotos, o que provoca pequenos transbordamentos de água misturada com sujeira no Tâmisa. Um dos trabalhos educativos do Thames21 estimula a coleta de água da chuva, como forma de atenuar o problema.  

O governo acaba de anunciar um megaprojeto que promete ter um impacto positivo no Tâmisa, o “Thames Tideway Tunnel”. Começa no ano que vem a construção de um super esgoto; um túnel de 25 quilômetros que vai custar 4.2 bilhões de libras (cerca de 23.5 bilhões de reais). A obra deve ficar pronta em 2023 e a ideia é minimizar os problemas gerados pelo aquecimento global, que se as previsões estiverem corretas, deve elevar o nível dos rios e oceanos.


O engenheiro da era vitoriana, voluntários que percebem a importância dos rios e um túnel bilionário. Ação e planejamento são duas palavras-chaves no sucesso da revitalização do Tâmisa. Em cinquenta e poucos anos, o rio que foi chamado de morto, hoje abriga mais de cento e vinte e cinco espécies de peixes. Se a gente não atrapalha, a vida floresce.
 
Foto: Thames21