sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Casa Nova

 

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Dilema de Heinz




A esposa de Heinz está morrendo de câncer. Mas nem tudo está perdido: um farmacêutico da cidade descobriu uma droga que potencialmente pode salvar a vida da mulher. Só que tem uma pegadinha: o farmacêutico é ganancioso. Ele gasta 200 dinheiros para fabricar a droga e a vende por 2000 dinheiros. Heinz não tem essa grana toda. Ele passa o chapéu e consegue recolher mil dinheiros de amigos e familiares. Então vai conversar com o farmacêutico. Diz que só conseguiu juntar mil e implora para que o homem venda o remédio mais barato. Promete que vai pagando a diferença depois. O farmacêutico insensível diz que não. Heinz entra em desespero. Quando a noite cai, ele quebra a vidraça da farmácia e rouba o medicamento. 

Essa história é um clássico nas aulas de ética e moral. Foi usada pelo psicólogo americano Lawrence Kohlberg para explicar sua teoria dos estágios do desenvolvimento moral da criança. Ele propõe uma série de questionamentos. O que importa não é o que você faria se estivesse no lugar de Heinz e sim a decisão dele de roubar a droga.

Estágio 1 – Obediência

Heinz não deveria ter roubado, porque ele vai para prisão. Ele é uma pessoa má.

Ou: Ele deveria ter roubado o remédio, porque a droga só custa 200 dinheiros ao farmacêutico. Além do mais, Heinz ofereceu para pagar em prestações e ele não roubou nada além do medicamento.

Estágio 2 – Interesse Próprio 

Heinz roubou, porque isso o deixará feliz: tentou salvar a esposa; mesmo que tenha que ir para a prisão.

Ou: Ele não deveria ter roubado a droga, porque cadeia é um lugar horroroso. Melhor lidar com a morte da mulher do que apodrecer na prisão.

Estágio 3 – Conformidade

Heinz tinha mesmo que roubar o medicamento, porque a mulher dele esperava que ele fosse um bom marido.

Ou: Ele não deveria roubar, porque roubar é crime e ele não é um criminoso; o marido tentou tudo que podia sem burlar a lei, a esposa não pode culpá-lo de nada.

Estágio 4 – Lei acima de tudo

Heinz errou ao roubar, porque a lei proibe roubar. Ele cometeu um ato ilegal.

Ou: Ele deveria roubar o medicamento para sua esposa e arcar com as consequências: prisão e reembolso ao farmacêutico. Não dá para sair por aí cometendo crimes e não ser punido.

Estágio 5 – Direitos Humanos

Heinz estava certo ao roubar a droga, porque todo mundo tem o direito de escolher a vida, independente do que diz a lei.

Ou: Ele errou porque o farmacêutico que descobriu o remédio merece ser recompensado por sua descoberta (leia-se receber o pagamento que acha justo), mesmo que isso custe a vida da esposa de Heinz.

Estágio 6 – Ética humana universal

Heinz deveria roubar o medicamento, porque salvar uma vida humana é mais precioso do que o direito à propriedade (seja física ou intelectual) de outra pessoa.

Ou: Ele errou porque outras pessoas talvez precisem também da droga que ele roubou e todas a vidas são igualmente importantes.




Pensei no dilema de Heinz assim que ouvi a história de Rob Lawrie. Ele é um britânico que, como muitos outros, foi ajudar os refugiados na Selva - um grande acampamento na França, em Calais, onde milhares de pessoas passam os dias na esperança de cruzar o Canal da Mancha e recomeçar a vida aqui na Ilha. Rob foi julgado hoje na França como traficante de seres humanos.

Rob já foi soldado, trabalhou limpando carpetes. É bipolar e sofre da Síndrome de Tourette. Foi na Selva que ele conheceu um refugiado afegão e sua filha Bru, de quatro anos. Eles se tornaram amigos. O ex-fazendeiro afegão implorou a Rob que ele levasse sua filha escondida no carro dele até a tia da menina, que vive na cidade de Leeds, na Inglaterra. Rob topou. O plano foi por água abaixo quando dois cães farejadores descobriram dois homens da Eritréia, que estavam escondidos na van de Rob, sem que ele soubesse. Pelo menos essa é a versão dele.
Rob e Bru

  

Como julgar o dilema de Rob Lawrie? Ele burlou a lei. Tentou entrar no Reino Unido trazendo uma criança ilegalmente. Ele estava certo ao tentar ajudar a menina e seu pai? Foi um bom samaritano ou um criminoso? Você decide. 

Se nem com as cinco etapas do desenvolvimento moral você conseguiu chegar a uma conclusão, fique sabendo que a corte francesa pegou leve. Talvez tenha ajudado que imprensa mundial estava de olho no caso. Rob Lawrie se livrou da cadeia. Pagou uma multa de mil euros. Ele não respondeu pelo crime de tráfico humano e sim por ter transportado a criança de uma maneira que poderia colocar a vida dela em risco, ou seja, a menina viajava sem o assento apropriado e sem cinto de segurança.

A tentativa frustrada de trazer a menina para a Inglaterra aconteceu em outubro do ano passado. Rob Lawrie confessou que seu plano foi estúpido. Agiu com o coração e sem pensar, mas ele se disse satisfeito por ter jogado uma luz no drama das crianças refugiadas. Ele foi para Calais tentar ajudar os refugiados, depois de ver a foto do menininho morto numa praia da Turquia.  

Rob vai poder voltar para casa. Bru e o pai estão amargando um inverno gelado na favelona de Calais.
A 'Selva' de Calais

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Testemunha Ocular

 
Belo Horizonte, anos 80


Eu estava no carro com a minha mãe numa movimentada avenida de Belo Horizonte. Ela ia ao volante. O sinal tinha acabado de abrir. De repente, alguma coisa caiu do carro que seguia à nossa frente. Minha mãe, muito mais experiente, viu de cara que não era um pacote e sim um corpo. Parou o carro no acostamento. Do outro lado da pista junto ao canteiro central, um motorista jovem parecia desesperado do lado de fora do carro, com as mãos na cabeça.  

Estatelada no asfalto, uma velha. O corpo estava desconjuntado de uma forma impossível e macabramente ridícula. Origami de ossos. Seus seios murchos se derretiam no chão, junto com todas as rugas. Havia uma poça espessa como esmalte vermelho berrante. O sangue tinha desistido de escorrer. Parecia impensável que, apenas alguns segundos atrás, tivesse existido vida no que então era uma carcaça tão morta, absurdamente imóvel..


O motorista veio falar com a minha mãe. Estava fora de si e pediu que ela o levasse até a casa dele, que ficava ali perto, para buscar seus pais. Sei lá porque, ele entrou no banco de passageiro e eu saí. Um detalhe importante deste atropelamento é que ele aconteceu em frente a uma favela enorme. Um tsunami de piranhas humanas desceu o morro e depenou o carro do atropelador com uma fome ancestral. Do carro só sobrou a carcaça. 

O tempo esquentou. Uma mulher muito nervosa gritava que tinha visto o motorista entrar no prédio que, dia sim e dia também, encarava a favela num deboche de quem estava alguns degraus acima na escala social. Alguém cobriu o corpo da velhinha com jornais. Um fotógrafo materializado do além  disparava sua câmera sem cerimônia. O porteiro do prédio abandonou sua guarita. A polícia chegou e começou a distribuir golpes de cassetete como quem bate um bife para ele ficar mais macio. Notei que minha mãe estava de volta com o rapaz. Depois de prestarmos depoimento, seguimos viagem abastecidas de adrenalina e tristeza.

Os acontecimentos daquela manhã foram de uma violência que eu nunca tinha vivenciado. Uma coisa que me impressionou muito foram as versões que as “testemunhas” compartilhavam, sem que ninguém tivesse perguntado. Diziam que o motorista estava escondido no prédio. Que ele havia acelerado o carro quando viu a velhinha. Que teria desviado para acertar a velha de propósito, como se gostasse de jogar boliche humano.



 
 

22 de julho de 2005
 

Londres ainda estava inquieta por causa dos ataques terroristas do dia sete de julho. Quatro homens-bomba haviam matado 52 pessoas e ferido mais de 700. Os nervos estavam à flor da pele. Na tevê, surgiam as primeiras notícias de que a Polícia Metropolitana da Capital havia matado um suspeito dentro de um vagão de trem na estação de Stockwell. Como dois e dois são quatro, a conclusão lógica era que os policias tinham evitado mais um atentado. Me lembro claramente das primeiras versões: “ A vítima teria pulado as catracas, tentando escapar da perseguição policial”. Mais de uma testemunha descreveu o morto como “um tipo mulçumano”.  

Logo outra história começou a se desenhar. De fato, o ‘elemento abatido’ não era um caucasiano alto, loiro e de olhos azuis. Entretanto, não se tratava tampouco de um terrorista, muito menos islâmico. Hoje todo mundo sabe que era o brasileiro Jean Charles de Menezes, que foi confundido com um suspeito.  
 
 
Jean Charles de Menezes
 

Mais uma vez, os preconceitos das testemunhas e da própria polícia ‘embaçaram’ seus julgamentos. Eles viram o que quiseram ver. 
 

31 de dezembro de 2015 – Colônia na Alemanha
 

Gangues assaltam e molestam mulheres alemãs na festa de comemoração do ano novo, próximo à estação de trem da cidade. A polícia recebeu mais de 90 queixas-crime. A correspondente da BBC na Alemanha diz em seu texto que: “pelo menos uma mulher foi estuprada”. Como assim pelo menos uma? Que notícia é essa?  As vítimas afirmam que os agressores eram "árabes ou do Norte da África". 
 
 A notícia do arrastão com retoques de crime sexual tem repercutido massivamente aqui na Ilha. Primeiro, pela natureza e tamanho dos ataques, que aparentemente são incomuns por lá. Mas tem chamado atenção a declaração da prefeita da cidade de Colônia, que sugeriu que as mulheres andassem acompanhadas de homens em grandes eventos públicos como o do réveillon.  

Dá vontade de gritar cada vez que vejo alguém comentar que uma mulher mereceu ser abusada/estuprada, porque ‘deu mole’, se vestiu de maneira inapropriada e por aí vai. O culpado é o agressor e não a vítima e não tem o que discutir. 


Testemunha Ocular

Estima-se que um milhão de refugiados tenha entrado na Alemanha, só no ano passado. A população do país é de 82.652 milhões de pessoas. Quando eu estava grávida, participei de um grupo de pré-natal. Um dos casais dizia categoricamente que a chegada do filho não iria mudar a vida deles. A criança teria que se adaptar à rotina dos pais. Gostaria de me encontrar com eles hoje em dia e perguntar como vai o plano deles. Não dá para receber tanta gente em seu país, pessoas vindas de culturas diversas e esperar que a vida não vá mudar. A prefeita de Colônia tem sido muito criticada por sua declaração. Do jeito que enxergo o comentário, ela está sendo pragmática. Levanta a mão quem acha que é sensato (usei a palavra sensato e não justo ou correto) passear por áreas de alta criminalidade usando relógio caro e joias chamativas? 

Ah, mas isso não está certo. Quem chega tem que respeitar as regras do lugar, certo? Certíssimo. Justíssimo. Mas o buraco é mais embaixo. Quem é que vive num mundo ideal? Me apresente esse lugar, porque ainda não conheci. Então, o negócio é fechar as portas e não deixar mais ‘essa gente’ entrar!  Será? 
 

Angela Merkel



A chanceler alemã Angela Merkel não abriu as fronteiras de seu país aos refugiados porque é boazinha. O país precisa dos imigrantes, como aliás o Reino Unido também http://mariaeduardajohnston.blogspot.co.uk/2015/09/precisamos-falar-sobre-imigracao.html . Mas não é só a questão econômica. A situação dos refugiados, sírios, afegãos e africanos é desesperadora. Não dá para virar as costas e ignorar o drama dessas pessoas. http://mariaeduardajohnston.blogspot.co.uk/2015/09/questao-moral.html É fácil? Claro que não é. Para ninguém. Mas não tem volta. Não dá para declarar que a política de imigração foi um fracasso, quando os primeiros problemas aparecem. 


Pelo que acompanho das notícias na Alemanha, a questão da imigração é muito polarizada. Há aqueles que apostam no fracasso do programa. As 90 vítimas dos ataques no ano novo estão enganadas quando dizem que os agressores eram estrangeiros? Pode ser que quem está jogando contra esteja por trás dos ataques? Ou será que bandidinhos se valeram da atual tensão no país para assaltar as mulheres? Quem sabe as testemunhas estão certas? Foram mesmo os refugiados mulçumanos "que não respeitam as mulheres". Não sei. Ninguém sabe. Por isso, é tão importante que os fatos sejam apurados corretamente e que os culpados respondam por seus crimes. O que sei é cada um de nós é testemunha do que promete ser um dos maiores desafios deste ano nesta parte do globo: a integração de culturas.


Cada um vai ter uma versão para contar.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Ano novo, promessas novas



Se você é do tipo que começa o ano novo cheio de planos, fique por aqui. Se não é o seu caso, guenta aí, porque talvez tenha alguma coisa para você também.
 
 

Um objetivo sem um plano é só um desejo
 

 

2016 ainda nem completou sua primeira semana de vida e, na mídia, para quem gosta de uma birita, as notícias  devem estar dando dor de cabeça. Fora as matérias óbvias sobre como curar ressaca, outras duas ganharam as manchetes aqui na Ilha, no amanhecer do novo ano.
 

A primeira recomenda que as pessoas tenham dois dias ‘secos’ na semana. Álcool zero, pelo menos duas vezes por semana. Pela primeira vez nesta parte do mundo, a recomendação sobre o limite de álcool para homens e mulheres é a mesma. O conselho é que não se beba mais do que 3 unidades de bebida alcoólica por dia. Dá até vontade de pedir um vinho, só para tentar entender que raios significa 3 unidades. Mas se for uma daquelas taças grandes, vou me ferrar, porque ela contém 3,3 unidades. Uma pint (568ml) de cerveja: 2 unidades. Melhor ficar com uma dose de whiskey, uma unidade de álcool e é a menos calórica: 64 calorias.



 

A segunda reportagem que foi destaque, é a pressão que 400 administrações regionais estão fazendo para que os rótulos das bebidas alcóolicas tenham informações sobre a quantidade de calorias. Aí vai um teste rápido, que vi na tevê. Coloque em ordem crescente de calorias: um pacote de batata frita industrializada, um copo de vinho e uma ‘pint’ de cerveja. As batatinhas são as menos engordativas e o vinho ocupa a pole position no ranking calórico: 190 calorias.
 

Calcular caloria de bebida, contar unidades de álcool. Está ficando chato, né? Mas o NHS, o serviço de saúde, não está nem aí para chatices. Os bêbados custam uma fortuna aos cofres públicos e lotam as emergências dos hospitais. Além do mais, doenças de fígado são a quinta causa de morte aqui na Ilha. Quando se corta o álcool, cai também o número de pacientes com câncer e doenças coronarianas.
 


 

Tem gente que faz promessa de não comer chocolate ou de não beber durante a quaresma. A última ‘moda’ é ter um ‘Dry January’, um janeiro de seca de bebida. Se for para apostar se a novidade pegou ou não, eu colocaria as minhas fichas no lado do não. Mas a ideia não é má. Em geral, os britânicos, que já bebem bastante, aumentam o consumo de bebidas alcóolicas em 41% durante o mês de dezembro. O fígado agradeceria uma folga. Thank you very much.
 

Um dos primeiros virais do ano foi a foto abaixo, tirada pelo fotógrafo Joel Goodman em Manchester, no noroeste da Inglaterra, na noite da passagem do ano. A qualidade estética da foto e sua composição foram comparadas às obras dos grandes mestres renascentistas. Foi reproduzida 30 mil vezes no twitter. Ela mostra bem o fim de noite em muitas cidades aqui da Ilha. Mas não precisa ficar caído na sarjeta para incluir ‘parar de beber ‘na lista de resoluções do ano novo.

 
Joel Goodman

 

Parar de beber, emagrecer, fazer exercícios físicos e comer comidas saudáveis lideram a lista das boas intenções.  As academias de ginástica ficam cheias nesta época do ano. O ‘x’ da questão é fazer mudanças que sobrevivam digamos, até o carnaval.

 

35% dos bem-intencionados cometem um erro fatal: colocam metas que não são realistas. Não dá para querer se tornar um juiz da suprema corte, sem nem ter estudado direito. Isso é óbvio. Mas a maioria dos objetivos não parecem assim tão ambiciosos, embora também estejam fora do alcance. Quem entende do assunto diz que passinho de formiguinha é mais jogo. Pequenas metas, uma de cada vez. Tipo, fico o dia inteiro assentado, mas esse ano vou correr a maratona de Londres é pior do que, vou caminhar uma hora por dia, três vezes por semana.

 

Uma pesquisa da Universidade de Bristol revela que 52% dos 3 mil participantes entrevistados estavam confiantes que iriam ter sucesso em seus planos de ano novo, nos primeiros dias de janeiro. Mas 88% deles falharam. Os homens, quando planejam no estilo passo de formiga, conseguem o que querem em 22% dos casos. E as mulheres, que tornaram suas intenções públicas, têm 10% mais chances de sucesso.

 

Outra dica é desenvolver uma ‘rede’ de apoio. Família e amigos podem ajudar ou atrapalhar bastante, dependendo do caso. Se dê de presente pequenas recompensas. Perdi meio quilo, vou ao cinema comemorar. E esteja preparado para fazer pequenos ajustes, ao invés de simplesmente descartar o plano no primeiro empecilho. Isso é o que dizem os gurus do pensamento positivo.

 Recaptulando. Essas dicas podem ser resumidas no plano dos três ‘R’ que garantem mudança de hábito:
 
Relembrar: lembre-se constantemente do fator que motivou o desejo de mudança
Rotina: é preciso ter disciplina e rotina
Recompensa: pequenos agrados pelas conquistas

 

O caso é que cada pessoa responde de forma diferente aos desafios. Os conselhos acima soam bem razoáveis. Talvez sejam inspiradores para muita gente. Mudar para crescer. Mudar para ser feliz. No fim das contas, é uma decisão pessoal. Cada um sabe da dor de seu calo. Será que existe um momento certo para promover as mudanças?

 

 Tem dias em que olho ao redor da casa, e está uma bagunça. Fico tão incomodada, que saio arrumando e limpando tudo, porque não estava bom do jeito que estava. O que fico me perguntando é se a pressão constante por mudanças serve para de fato mudar alguma coisa.  Talvez devesse fazer dessa a minha resolução de ano novo: ficar de olho para mudar o que precisa ser mudado e aceitar o que não incomoda.